Quando ensinar transforma: o documentário Invencíveis e o legado da Escola Tia Ciata

Doc homenageia projeto e seus autores

Por Marcus Tavares

Lançado no Festival do Rio, o documentário Invencíveis resgata uma das experiências mais inovadoras e transformadoras da educação brasileira: a trajetória da Escola Tia Ciata, criada no Rio de Janeiro nos anos 1980. Dirigido por Clarice Saliby e Vitor Leite, o filme revisita a história de professoras e estudantes que acreditaram em um ensino público pautado pela criatividade, pelo afeto e pelo compromisso coletivo. Para o diretor, “os professores são muito desvalorizados no Brasil, e se esse filme ajudar a inspirar e dar um gás para quem está na sala de aula, nosso trabalho terá valido a pena“.

confira o trailer aqui

Invencíveis resgata a memória de professores e estudantes

Em entrevista para a revistapontocom, no Dia do Professor, Vitor Leite fala sobre o processo de criação do documentário até a emoção de reencontrar ex-alunos e educadores da Escola Tia Ciata, mostrando como a memória pedagógica pode inspirar o presente e o futuro da educação no Brasil.

Acompanhe a entrevista:

revistapontocom – De onde surgiu a proposta de resgatar essa história e transformá-la em um documentário?
Vitor Leite – Estava trabalhando com o Roberto Berliner (produtor do filme e fundador da TvZero) em duas séries que focavam em crianças e adolescentes: a Histórias de Adoção e a Eu, Adolescente. Durante esse processo de filmagens me lembrei bastante da pedagogia revolucionária da Escola Tia Ciata e dos “invencíveis” que estudaram lá. Compartilhei com ele o livro A Magia dos Invencíveis, da Ligia Costa Leite. Ele achou a história incrível e me estimulou a estruturar esse projeto de filme.

revistapontocom – Como foi então dirigir este filme, resgatando professores e estudantes daquela época?
Vitor Leite – Foi muito gratificante encontrar esses ex-alunos que têm um carinho muito grande pelas educadoras da Escola Tia Ciata. Muitos acham que só estão vivos por causa da educação e das oportunidades que receberam lá. Também foi emocionante falar com ex-professoras que levaram o que aprenderam na Escola Tia Ciata para o resto de suas carreiras, tanto em escolas públicas quanto privadas. Um momento que foi mais inspirador foi o churrasco onde alguns alunos e professoras se encontraram; dava para fazer um filme só sobre aquele reencontro.

revistapontocom – Que linguagem cinematográfica vocês adotaram para “contar” essa história?
Vitor Leite – O filme tem basicamente duas camadas de linguagem. A do “presente”, que segue a Ligia Costa Leite, junto com a Martha Abreu e Monica Rabello, enquanto pesquisam documentos e falam com pessoas importantes para a história da escola. Nesse presente, também entrevistamos alunos, professoras e educadores que trabalharam na escola e contam outros pontos de vista. A outra camada é um mergulho profundo no rico acervo de arquivo que foi preservado durante anos: reportagens sobre a escola, fotos, vídeos e o diário de classe, que funciona como um relato “quente” e “vivo” sobre os desafios e questionamentos dessas professoras no dia a dia da escola.

revistapontocom – Ao resgatar esta história, qual é o objetivo?
Vitor Leite – Nosso objetivo principal é resgatar a história dessa experiência revolucionária e bem-sucedida, e não deixar que ela caia no esquecimento. É mostrar para educadores e para o poder público que outros caminhos são possíveis para educar esses jovens.

revistapontocom – Que mensagem o documentário deixa para o público?
Vitor Leite – Trabalhamos muito para que o documentário deixe uma mensagem de esperança, de que é possível trabalhar por um futuro diferente com educação.

revistapontocom – No Dia dos Professores, o documentário se revela como um presente?
Vitor Leite – Não sei se é um presente, mas é um reconhecimento do trabalho fundamental que eles fazem. Os professores são muito desvalorizados no Brasil, e se esse filme ajudar a inspirar e dar um gás para professoras e professores que, dia após dia, estão nas salas de aula, sinto que nosso trabalho foi feito.

revistapontocom – O documentário estava em cartaz no Festival do Rio. Qual será o “caminho” do filme agora?
Vitor Leite – Agora que o filme estreou no Festival do Rio, nosso objetivo é que ele circule por outros festivais e, eventualmente, seja exibido em escolas e universidades pelo país, onde torcemos para que o filme levante debates importantes. Também estamos felizes que ele vai ser exibido no Canal Curta, mas ainda não sabemos a data exata.

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