“Saneamento é Saúde: um marco civilizatório”, diz a médica Margareth Dalcolmo

Entrevista com a dra. Margareth Dalcolmo.

Por Marcus Tavares

No encontro de celebração do programa Esse Rio é Meu 2025, realizado ontem na sede da Águas do Rio, na zona portuária, a Dra. Margareth Dalcolmo fez uma defesa contundente da relação entre saneamento, saúde pública e educação. Diante de professores, diretores e coordenadores pedagógicos das escolas municipais do Rio, ela resumiu a urgência do tema em uma frase marcante: “Saneamento é um marco civilizatório. Sem ele, não há saúde possível.”

Leia a entrevista:

revistapontocom – Saneamento e saúde: por que essa conjugação é tão importante?
Margareth Dalcolmo –
A conjugação saneamento e saúde é a mais óbvia, a mais importante e a mais relevante. Não há possibilidade de se pensar em saúde pública sem saneamento, sem água potável que permita às pessoas não apenas ingerir, mas manter hábitos mínimos de higiene. Isso envolve autocuidado, cuidado com familiares, com pessoas acamadas e todas as ações de prevenção que constituem o mínimo necessário para um desenvolvimento social adequado. Portanto, saneamento e saúde formam uma conjugação absolutamente indispensável.

revistapontocom – Qual é o papel da iniciativa privada nesse contexto?
Margareth Dalcolmo –
A iniciativa privada precisa entender que parcerias público-privadas são estratégicas para implementar ações de saneamento. E deve participar ativamente dos programas de esclarecimento à sociedade civil, reforçando que não se pode, de modo algum, lançar esgoto ou dejetos nos mananciais de água, nas lagoas, nos igarapés. A água é um bem finito e precisa ser tratada da forma mais cuidadosa possível.

revistapontocom – E a escola? De que forma ela pode contribuir para esse debate e avanço?
Margareth Dalcolmo –
As escolas têm um papel determinante. Assim como os pais ensinam as crianças a lavar as mãos antes de comer ou a escovar os dentes, elas devem aprender desde cedo a relação entre saneamento e saúde. As escolas precisam promover essa discussão e, ao mesmo tempo, melhorar suas próprias condições, como acesso ao saneamento, qualidade da alimentação e redução de alimentos ultraprocessados. Tudo isso faz parte de um conjunto civilizatório de medidas que deve ser implementado desde a primeira infância.

revistapontocom – Qual é a importância de projetos como o Esse Rio é Meu, que busca conscientizar e (re)valorizar os rios da cidade por meio da escola?
Margareth Dalcolmo –
Considero o Esse Rio é Meu um projeto belíssimo, não só pela estética do que representa, mas pela força de sua consciência social. Ensina às crianças, adolescentes e jovens que o Rio de Janeiro era uma cidade cortada por rios, muitos deles hoje cobertos ou sem tratamento adequado. Em uma cidade onde cerca de 2 milhões de habitantes vivem em comunidades, isso é ainda mais urgente. Tenho muito orgulho de fazer parte desse projeto, que considero um dos mais belos e importantes para ampliar a consciência ambiental e cidadã das novas gerações.

O programa Esse Rio É Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade.

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