
O que começou como um projeto piloto com poucas escolas ao redor do Rio Carioca tornou-se, em menos de três anos, uma política pública reconhecida nacionalmente e um movimento de transformação civilizatória. O programa Esse Rio É Meu, idealizado pelo planetapontocom e liderado por Silvana Gontijo, atingiu, em 2024, a marca de 1.557 escolas, 38 mil professores e cerca de 640 mil estudantes envolvidos. A iniciativa alia educação, cidadania e meio ambiente, e já se consolidou como referência em inovação educacional e sustentabilidade urbana brasileira.
“Começamos olhando para o Rio Carioca, um rio pequeno, quase invisível. Hoje, ele é o primeiro rio brasileiro tombado como patrimônio histórico, cultural e hídrico”, celebrou Silvana Gontijo.
Silvana lembrou que o programa surgiu em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do projeto – envolvendo hoje toda a rede de escolas da Prefeitura do Rio – a maior da América Latina.
Mais do que recuperar e preservar os patrimônios hídricos, como prefere se referir aos rios da cidade, Silvana conta que o programa provoca uma mudança de cultura e percepção sobre o território. “As crianças olhavam para o rio perto de suas escolas e viam um esgoto, um valão. Hoje, dizem: Esse Rio É Meu, Esse Rio É Nosso”, disse, ao lembrar que os próprios estudantes passaram a exigir das autoridades ações concretas pela recuperação dos rios. “Estamos falando de cidadania ativa, de protagonismo juvenil, de transformação social. E não podemos esquecer que é o professor que segura essa transformação lá na ponta, todos os dias. É muito gratificante. Parabenizo todos os professores envolvidos com essa causa”, comemorou.
Silvana também destacou o potencial educacional do programa que possibilita a articulação do currículo escolar de forma interdisciplinar, da Base Nacional Comum Curricular, com as questões ambientais do território. Além de uma nova metodologia pedagógica – baseada na Educação Com e Por meio de Causas – o Esse Rio É Meu incorporou dimensões de empreendedorismo social e economia circular, com ações como o reaproveitamento de óleo de cozinha nas comunidades — iniciativa que evitou o descarte de quase 600 mil litros na Baía de Guanabara. “É lindo ver esse movimento nascendo dentro das escolas e chegando às famílias, às comunidades, criando redes de cuidado com o território”, afirmou Silvana.

A Tâmara Motta, Gerente de Responsabilidade social da Águas do Rio, disse que a parceria com o planetapontocom é um modelo de impacto positivo a ser trilhado e ampliado. “Nada reflete mais o nosso compromisso com a transformação social do que essa aliança. A educação tem sido o nosso principal vetor de mudança”, afirmou. “A gente não quer inventar roda. Queremos entender o que já está acontecendo no território e somar forças.”
Segundo ela, o reconhecimento da escola como agente central é fundamental para o sucesso do programa. “Os professores, diretores e coordenadores pedagógicos nos acolhem de forma extraordinária. Acreditam no projeto e colocam ele em prática com sensibilidade e responsabilidade. Esse protagonismo inspira”, disse.
Segundo Tâmara, a concessionária acredita que o saneamento básico é muito mais do que infraestrutura. “É saúde, é dignidade, é valorização dos territórios. Mas, acima de tudo, é educação. E sem educação, não há transformação verdadeira.”
A expansão do programa é um dos grandes desafios e objetivos para 2025. Tâmara adiantou que há uma articulação para que o planetapontocom leve o programa para municípios da Baixada Fluminense e da Região Leste do estado. A proposta é alcançar outras redes públicas, respeitando a vocação e o contexto de cada território. “A Silvana aceitou o desafio de nos ajudar a levar essa metodologia para outros municípios. E é isso que estamos fazendo agora: construindo juntos, com escuta ativa e com o mesmo entusiasmo”, disse Tâmara.
Silvana encerrou sua fala apresentando também novidades para 2025: a possibilidade de certificação das escolas da Prefeitura do Rio junto ao programa Escolas Azuis, e a criação e oferecimento de cursos de formação profissionalizante: Reciclagem, gestão de resíduos sólidos e reaproveitamento de óleo de cozinha; Plantio orgânico, biodinâmico e gastronomia orgânica; Turismo e produção cultural (Rio Capital Mundial do Livro e ABL – programa Rios Literários. Programa Arte Engajada – O Mar Começa Aqui – Conheça o seu rio – da nascente à foz); e Comunicação Comunitária – Gamificando a recuperação do seu rio e comunicando os negócios do meu território.
“Queremos devolver os rios ao Brasi. E mostrar para as crianças, para os jovens, que a cidade e a natureza também são deles. São nossos. Mas também queremos instigar e promover o empreendedorismo social sustentável. São cursos profissionalizantes acompanhados de mentoria para cem mães solo e cem jovens nem-nem”, explicou.
Silvana e Tâmara encerraram a apresentação destacando que, mais do que um projeto ambiental, Esse Rio é Meu tornou-se uma plataforma de mobilização coletiva, capaz de integrar escola, comunidade, poder público e setor privado em torno de um objetivo comum: transformar o modo como nos relacionamos com a natureza e com a cidade.