Inovar é voltar para transformar: reflexões pedagógicas sobre o futuro da educação no Rio

Em sua apresentação, a Gestora Pedagógica do programa Esse Rio É Meu, Sarah Nery, lançou uma reflexão sobre os caminhos da inovação na educação. Neste sentido, ela propôs um mergulho crítico no conceito de inovação, especialmente dentro do contexto escolar. “Falamos muito de inovação na educação, mas será que sabemos mesmo o que significa inovar?”, provocou.

Sarah resgatou definições clássicas de autores como Schumpeter, Van de Ven e Tether. No campo educacional, lembrou que inovar não significa necessariamente usar tecnologia. “A inovação pode acontecer numa roda embaixo do pé de manga”, disse.

Ela também chamou atenção para os riscos da associação automática entre inovação e tecnologia digital, num momento em que o debate sobre o uso de celulares em sala de aula está aquecido. “Nem sempre precisamos de laboratórios high-tech. Às vezes, o maior avanço é resgatar saberes invisibilizados, silenciados, como os de povos tradicionais e originários.”

Futuro ancestral: entre Sankofa e Paulo Freire

Inspirada na cosmovisão africana e indígena, ela resgatou o símbolo Sankofa, que representa a ideia de caminhar para frente olhando para trás — buscando no passado os saberes necessários para construir o futuro. “É por isso que se fala tanto em descolonizar a educação: é hora de recuperar os conhecimentos que foram apagados.”

Neste espírito, trouxe à memória o projeto de alfabetização de Paulo Freire, que em 1962 alfabetizou 300 pessoas em 45 dias. “Se isso não é inovação, eu não sei o que é”, brincou.

Freire foi lembrado com sua célebre ideia da educação como processo dialógico e transformador: Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo. Os homens se educam mediatizados pelo mundo.

Inovação que nasce do território e se espalha com afeto

Ao final, referenciou as boas práticas escolares que vêm sendo observadas no projeto Esse Rio é Meu, que tem incentivado o trabalho interdisciplinar, a escuta ativa e a valorização dos territórios. “É possível inovar quando se parte de um tema gerador, de uma causa comum — como os rios, por exemplo — e envolve professores e alunos em todas as etapas do projeto.”

Ela citou ferramentas práticas como cartografias sensíveis, campanhas de conscientização, hackatons, game jams e soluções baseadas na natureza, como jardins de chuva e tetos verdes, para mostrar como o currículo pode se conectar com a realidade e mobilizar aprendizagens significativas.

“Tudo isso está na BNCC. A gente só precisa de espaço, de tempo e de vontade coletiva para fazer acontecer. Se você ainda não cadastrou a ação da sua escola, entre no nosso site. Essas experiências inspiram. E são elas que vão nos guiar para uma educação que, de fato, transforma.”

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