Apolinária: ancestralidade, memória, identidade negra e resistência em novo livro de Bianca Santana

Lançamento previsto para o dia 11 de agosto.

Como uma semente que vagou ao vento, Apolinária – ou Polu, para os íntimos – deixou para trás um marido que nunca amou em Tabocas do Brejo Velho, no interior da Bahia, às margens do rio São Francisco, e foi germinar em São Paulo, em 1946. Sozinha, se estabeleceu na periferia da capital paulista e criou dois filhos, trabalhando como servente e empregada doméstica. Viu sua árvore crescer e dar frutos às custas de força e perseverança.

Este é um breve resumo do romance Apolinária, da jornalista e escritora Bianca Santana. Com lançamento previsto para o dia 11 de agosto, pela Editora Fósforo, a obra alterna as vozes da neta Bianca e da avó Polu. Conforme a primeira tece com maestria memória familiar e pesquisa histórica, a segunda explora a fina linha que une a família, o dia a dia que sobrepassa o racismo e a ascensão social por meio do trabalho. O resultado é um convite para nos aprofundarmos nas nuances da identidade negra no Brasil.

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Apolinária também ilumina marcos históricos como a Lei de Terras de 1850 – que privilegiou elites em detrimento de negros libertos e indígenas – e as romarias a Bom Jesus da Lapa – nascidas como agradecimento pelo fim da escravidão em 1888 -, num diálogo com o presente que remete à necessidade urgente de reparação do passado brasileiro.

“As primeiras nove páginas de “Apolinária” foram escritas no dia 28 de dezembro de 2014. Encontrei o arquivo agora de noite e quase não reconheci a voz da personagem do meu primeiro romance, inspirada na minha avó. Quantas mudanças nestes dez anos. Passei a tarde de hoje na Editora Fósforo, contando essa história para a equipe que trabalhou na preparação, edição, diagramação do texto, e que agora está cuidando da divulgação, distribuição em livrarias, lançamentos. É muito especial poder conversar com quem divide a autoria deste livro comigo, antes de sentir o cheirinho do impresso”, revelou a autora em sua conta no instagram (@biancasantanadelua).

A prosa de Bianca flui como o próprio rio São Francisco que a inspirou, levando o leitor a uma viagem de autoconhecimento e pertença. É a celebração de uma vida que, mesmo diante das intempéries, floresceu em dignidade e amor. Uma leitura que mergulha na memória, dá um abraço na ancestralidade e se torna um farol para as novas gerações.Uma jornada de descoberta de uma história particular que se confunde com a de tantas famílias brasileiras

“Foram tantos anos ouvindo histórias do rio São Francisco, do centro de São Paulo, da Vila Gustavo, contadas a mim, a estranhos no metrô, a vizinhas de quem falava bem pela frente e mal pelas costas, que posso ouvir a voz firme da vó Polu quando sento para escrever sobre ela”, destaca a autora.

Bianca é doutora em ciência da informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com uma tese sobre memória e escrita de mulheres negras. Mestra em educação também pela USP. Colunista da Folha. Comentarista do Jornal da Cultura. Professora titular da Faap.

Autora de Quem limpa? (Companhia das Letrinhas, 2025),  Diálogos feministas, antirracistas (e nada fáceis) com as crianças (Camaleão, 2023), Arruda e guiné: resistência negra no Brasil contemporâneo (Fósforo, 2022), Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro (Companhia das Letras, 2021) e Quando me descobri negra (SESI-SP, 2015. Fósforo, 2022).

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