Por Marcus Tavares
Estudantes do 5º ano do CIEP Professor Darcy Ribeiro, localizado em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, estão descobrindo que podem reduzir o descarte do lixo e usar a água de forma mais consciente. Desde o ano passado, eles participam de um projeto de plantio de mudas em garrafas PET e com dispositivo auto irrigante. As ações fazem parte do programa Esse Rio é Meu.
“Pegamos uma garrafa PET de um litro e meio ou dois litros. Cortamos ela ao meio. A parte do cone, que está com a tampinha, vai ser preenchida com a terra. Em seguida, furamos a tampa plástica e passamos pelo buraco um fio de material sintético. Acoplamos esse cone na outra parte da garrafa que servirá como reservatório de água. Esse fio, então, vai conduzir a água de baixo para cima por capilaridade, movimento contrário ao da gravidade”, resume o professor Roberto Lucio de Souza Cruz.





O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. O CIEP Professor Darcy Ribeiro vem trabalhando com o Rio do A.

A atividade vem sendo realizada por cerca de 100 estudantes. O professor Roberto conta com a ajuda de outros colegas: as professoras Linna Patrícia e Juliana Rodrigues. “Tem sido uma experiência muito interessante. E uma oportunidade valiosa para trabalharmos vários conceitos. O primeiro é o movimento de capilaridade. Há também a questão da reciclagem com as garrafas PET. O tipo de terra que usamos enseja outra discussão importante, pois utilizamos um composto orgânico fruto do reaproveitamento do resíduo orgânico. E, ao mesmo tempo, trabalhamos o uso mais consciente da água, já que o movimento de capilaridade ajuda nesse processo. Além disso tudo, temos o mecanismo de auto irrigação, que não depende de ninguém para regar. Ou seja, é um trabalho totalmente funcional que, na verdade, começou no ano letivo de 2024 com os professores Alessandra Silva e Fabio Silva e está sendo continuado”, explica Roberto, graduado em Análises de Sistemas, Pedagogia e História.



Quem passa em frente à escola consegue ver o trabalho na prática. Os ‘vasos’ de PET estão sendo colocados nas grades do pátio, uma espécie de horta vertical suspensa do CIEP.
“Os estudantes acharam muito interessante o fato da água, neste projeto, fazer o movimento de baixo para cima, no sentido oposto ao da gravidade e ficaram bastante impressionados com a redução no consumo de água e com a possibilidade de refazer essa experiência em suas casas, o que já vem ocorrendo. Agora é esperar o desenvolvimento das plantas para ver as reações deles diante do êxito em fazer esse tipo de cultivo altamente sustentável. Alguns chegaram a comentar, com base nas aulas de ciências, que a agricultura é a atividade humana que mais consome água e esse método de cultivo reduz bastante a utilização desse precioso recurso. É ou não é uma reflexão contundente?”, brinca o professor.