O que o Brasil vê quando se olha no espelho?

Em Brasil no espelho, Felipe Nunes, cientista político, sócio-fundador da Quaest e um dos 100 consultores políticos mais influentes do mundo, convida o leitor a encarar o reflexo do país no mais amplo estudo já realizado sobre valores, ideias e crenças dos brasileiros. Baseado em uma pesquisa feita com exclusividade para a Globo, ouvindo quase 10 mil pessoas, o livro lançado pela Editora Globo Livros revela um retrato surpreendente do brasileiro contemporâneo — um povo diverso, contraditório e em intenso processo de mudança.

“Este não é um livro sobre o que eu acho que é o Brasil ou como ele deveria ser. É um espelho objetivo sobre o Brasil que capturamos por meio da maior pesquisa já feita no país sobre os valores e atitudes dos brasileiros. O livro revela em detalhe que não há um único Brasil, há vários. Convivem aqui um país tão conservador quanto o Zimbábue e outro tão liberal quanto a Suécia — e é nessa tensão que vivemos”, afirma Felipe Nunes.

Desde a onda de protestos de 2013, o Brasil vive um período de transformações sociais, políticas e culturais sem precedentes. Na obra, Nunes combina rigor metodológico e sensibilidade analítica para examinar as contradições, características e aspirações que moldam a identidade nacional. A pesquisa, desenvolvida pela Quaest, para a Globo, como um dos muitos estudos que a empresa frequentemente realiza para compreender o Brasil e os brasileiros, mapeia 137 índices organizados em 11 dimensões — de religiosidade e família a honestidade, meritocracia, ideologia e confiança — e oferece um panorama inédito sobre o país que emerge de suas próprias percepções. Revela um Brasil para além dos clichês, que mantém velhas crenças, mas surpreende com avanços. A obra revela um Brasil de fé e família, conservador, empreendedor, orgulhoso de sua cultura, mas inseguro e ressentido, que vê no punitivismo ao outro uma solução.


Nunes inova em dois campos. Primeiro, apresenta uma nova forma de entender os brasileiros, por meio de nove segmentos baseados em suas bolhas e identidades – a combinação de seus valores, interesses e desejos. Essa nova forma de classificar os brasileiros apresenta quem é o militante de esquerda e a extrema direita, passando pelos conservador-cristãos, o liberal-social, os progressistas, o agro, a classe DE, os empresários e os empreendedores individuais.

Segundo, o autor também propõe um outro arranjo da população em relação às faixas etárias a partir de uma nomenclatura baseada nos contextos históricos que moldaram cada época no Brasil. A nova divisão etária ficou assim: a Geração Bossa Nova (nascidos entre 1945 e 1964), marcada pelo fim da Era Vargas na primeira democracia do país; a Geração Ordem e Progresso (1965–1984), formada durante a ditadura militar e o chamado milagre econômico; a Geração Redemocratização (1985–1999), que cresceu na volta da democracia e na esperança de que o Brasil seria o país do futuro; e a Geração.Com (2000–2009), os primeiros nativos digitais. Essa classificação revela como cada grupo carrega visões distintas — e, às vezes, conflitantes — sobre religião, política, trabalho e o próprio futuro do país.

Mais do que um diagnóstico, a obra propõe uma reflexão essencial sobre como nossos traços culturais e comportamentais influenciam o desenvolvimento nacional — e como compreender essa complexidade pode orientar políticas públicas, negócios e estratégias de comunicação.

Com linguagem clara e olhar analítico, Brasil no espelho é uma fonte poderosa para compreender a alma do país e os caminhos possíveis para o futuro que queremos construir.

Fotos de Frederico Marinho Caravita

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