Por Marcus Tavares
A Escola Municipal Cyro Monteiro, em Anchieta, Zona Norte do Rio, promoveu um evento que uniu criatividade, inclusão e consciência ambiental: o Desfile Sustentável e Inclusivo. A ação, idealizada e coordenada pela professora Michele T. Crestani, da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), mobilizou toda a comunidade escolar em uma experiência pedagógica que foi além da passarela.



O projeto nasceu do trabalho desenvolvido na SRM, espaço de Atendimento Educacional Especializado (AEE), responsável por apoiar estudantes do público da Educação Especial. “Nosso foco é desenvolver autonomia, superar barreiras de aprendizagem e fortalecer habilidades sociais e acadêmicas que favoreçam a inclusão plena”, explica Michele.
Segundo ela, a proposta surgiu da necessidade de debater o consumo exagerado e o descarte incorreto de resíduos. “É fundamental que a escola incentive práticas educativas voltadas à sustentabilidade e ao respeito às diferenças. Queríamos que os estudantes refletissem sobre o impacto ambiental das ações humanas e sobre o valor da diversidade”, afirma. A proposta, que contou com o apoio da diretora adjunta Pamela Mota, foi articulada com o Programa Esse Rio é Meu que vem sendo desenvolvido na instituição há mais de um ano.



O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. A Escola Municipal Cyro Monteiro vem trabalhando com o Rio Pavuna.
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Projeto da Escola Municipal Cyro Monteiro une arte, educação ambiental e inclusão social na Zona Norte
Os alunos coletaram materiais recicláveis no entorno do Rio Pavuna e utilizaram jornal, PET, plásticos, tecidos usados e revistas para criar figurinos originais. A construção das roupas envolveu pesquisa, planejamento, costura, colagem e adaptações de acessibilidade. Houve ainda decoração do auditório com materiais reaproveitados.
A participação ativa dos estudantes com deficiência foi uma marca essencial: todos desfilaram, organizaram e apresentaram suas criações. “A atividade promoveu protagonismo, trabalho coletivo e valorização de cada participante, independentemente de suas habilidades”, destaca a professora.
Os figurinos surpreenderam: teve quem representasse a cultura baiana, peões boiadeiros, o universo Pokémon, soldados medievais e até inspirações de Lady Gaga com efeitos cênicos na passarela. O desfile foi realizado em 19 de setembro, com reapresentação no dia 2 de outubro, devido ao grande envolvimento da comunidade.
A agente de apoio Geane Nascimento, diretamente envolvida no projeto, conta que entrou de cabeça na ideia desde o início: “Desde que a professora Michele compartilhou comigo o desejo de criar um projeto sobre reaproveitamento de materiais recicláveis, já vesti minha camisa de jornal e parti para a divulgação. As crianças curtiram muito a proposta! Eles pesquisaram, se organizaram em equipes, envolveram a família. Minha vontade era que todos recebessem alguma recompensa, de tanta dedicação. Só gratidão.”
A agente educadora Elisa também celebrou o impacto do trabalho: “Conversamos muito com os estudantes sobre o que é lixo e como podemos transformá-lo. Eles se envolveram de verdade, criaram vínculos e se sentiram importantes. Foi lindo ver a alegria de cada um na passarela.”
Educação que transforma





Além da moda sustentável, o desfile trouxe rodas de conversa, debates sobre diversidade e reflexão coletiva sobre meio ambiente, inclusão e responsabilidade social. Para Michele, o resultado vai muito além de um evento bonito: “Quando transformamos materiais descartáveis em vestuário, transformamos também o olhar dos alunos sobre o mundo. Eles entendem que cada escolha tem impacto na coletividade. Mais do que um desfile, foi uma ação pedagógica que estimula a criatividade, amplia o olhar e fica marcada na memória de cada estudante.”
A professora ressalta que a escola é um espaço privilegiado para formar cidadãos conscientes. “Ensinar para construir e transformar foi a principal mensagem deste projeto.”, finaliza.
Impactos e aprendizados
O desfile sustentável e Inclusivo promoveu:
• Consciência ambiental e consumo responsável
• Cultura de respeito às diferenças
• Fortalecimento de competências socioemocionais
• Estímulo à autonomia e ao protagonismo estudantil
• Envolvimento das famílias e da comunidade escolar







