
“Mais do que uma proposta pedagógica, trata-se de um movimento coletivo de educação, pertencimento e responsabilidade com o meio ambiente.” É assim que a professora Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz, articuladora do Ciep Avenida dos Desfiles I, localizado no Catumbi, define o programa Esse Rio é Meu.
Desenvolvido desde o ano passado na unidade, o programa tem mobilizado cerca de 170 crianças da Educação Infantil, suas famílias e moradores da região, em torno da história e da preservação do Rio Papa-Couve, muitas vezes invisível e desconhecido por quem vive na região.
O programa Esse Rio É Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade.
Na entrevista a seguir, Monique detalha como o projeto começou, as atividades já realizadas e os impactos que vêm transformando a percepção da comunidade.
Rio Papa-Couve: significado e pertencimento
revistapontocom – Como o programa Esse Rio é Meu vem sendo desenvolvido na escola?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – O programa Esse Rio é Meu vem sendo desenvolvido em nossa escola desde o ano passado. Começou com uma pesquisa sobre o Rio Papa-Couve. A partir desse levantamento, promovemos uma reunião com todos os funcionários, onde apresentamos o projeto, a história do rio e a sua localização. Em seguida, iniciamos os trabalhos com as crianças, que participaram ativamente e demonstraram grande interesse pelo tema. Pensamos em diferentes atividades para aproximar as crianças do rio do nosso território, despertando nelas a consciência sobre a necessidade de preservá-lo e, sobretudo, de lutar contra a poluição. O projeto busca despertar a consciência ambiental da comunidade escolar a partir do Rio Papa-Couve, que faz parte do nosso território e, por não ser visível, é desconhecido por muitos integrantes da comunidade. Eu mesma fui moradora do bairro do Catumbi durante anos e não sabia da existência do rio. Ano passado realizamos uma reunião dos responsáveis junto à Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) para falar da coleta seletiva e da poluição do Rio Papa-Couve e da Baía de Guanabara. Neste ano, estamos ampliando a visibilidade do rio para as famílias e para os moradores do entorno da escola, com o objetivo de juntos compreendermos a importância de cuidar dele, evitar o descarte de lixo no chão e valorizar a preservação ambiental. Mais do que uma proposta pedagógica, trata-se de um movimento coletivo de educação, pertencimento e responsabilidade com o meio ambiente.

revistapontocom – O objetivo das ações passa pela memória e conscientização, certo?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Sim. O objetivo é valorizar a história e a presença do Rio Papa-Couve em nosso território, resgatando sua importância. Além de criar a possibilidade de a comunidade escolar conhecer, refletir e agir para a preservação do nosso rio, buscamos práticas mais sustentáveis, com uma educação que integra cuidado, memória e um futuro ambiental melhor para o nosso território.

revistapontocom – Até o presente momento, quais atividades já foram realizadas?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Já realizamos um resgate histórico do Rio Papa-Couve junto à nossa comunidade escolar e estamos desenvolvendo atividades de sensibilização, como rodas de conversa, produções artísticas, informativos sobre o rio, a importância da sua preservação, o consumismo. Trabalhamos também o reaproveitamento de materiais e estamos inclusive criando uma Sucatoteca na nossa escola. Estamos buscando ampliar ainda os trabalhos de divulgação do rio para os moradores do entorno e as famílias, fortalecendo a consciência coletiva sobre o cuidado com o meio ambiente.
revistapontocom – Neste contexto, como tem sido a devolutiva das crianças?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Muito positiva. Elas se mostram curiosas, participativas e muitas vezes indignadas ao descobrir a poluição do rio. Estão aprendendo sobre a importância da água, da preservação da natureza e se tornando multiplicadoras desses cuidados na comunidade.

revistapontocom – E as famílias, de que forma participam do projeto?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Participam ativamente do projeto. Por exemplo, uma mãe contou às crianças, em uma das nossas rodas de conversa, sobre uma parte visível do rio que fica na comunidade da Mineira e que é chamada de ‘valão’ pelos moradores, pois está muito poluída. Esse relato despertou grande interesse e preocupação nelas. Além disso, as famílias estão contribuindo ativamente para a nossa Sucatoteca, trazendo materiais recicláveis que podem ser reaproveitados nas aulas e participaram da colocação das placas informativas sobre o rio nas ruas do entorno da unidade.
revistapontocom – Já é possível perceber impactos na comunidade escolar?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Avalio que os impactos estão sendo positivos. No início, nas reuniões, quando falávamos do rio, a grande maioria dizia não conhecer e agora essa realidade mudou: quase todos já informam em conversas que sabem da sua existência. Alguns pais se mostram interessados em contribuir para a despoluição do rio e felizes por estarem ajudando, assim como as crianças que se sentem protagonistas nesse processo de educação ambiental e contribuem ativamente.

revistapontocom – Quais são os próximos passos?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Os próximos passos incluem ampliar as campanhas de divulgação junto à comunidade. As crianças estão criando panfletos e vídeos educativos, que serão distribuídos e compartilhados nos grupos das famílias e nas redes sociais da nossa escola e dos bairros do entorno, para conscientizar mais pessoas sobre a importância de cuidar do Rio Papa-Couve.
revistapontocom – Qual é o significado do Esse Rio é Meu?
Monique D’Oliveira Mendes de Queiroz – Para nós, o programa Esse Rio é Meu representa uma oportunidade de refletir sobre nosso papel social na preservação da natureza, os impactos que causamos e o que podemos contribuir para melhorar esse cenário. Nos inspira a agir mais pela nossa cidade e para o futuro ambiental do nosso planeta.

Equipe do Ciep envolvida no programa Esse Rio é Meu
Cintia Schneider Valverde de Medeiros (Diretora) e Andrea Cristina Vieira Bandeira (Diretora Adjunta). Professores: Elizabeth Reis Pinto Lopes, Kátia Eloisa Alves Monteiro Ferreira, Raquel de Jesus Barreira, Geigilane Costa Soares Constant Macedo, Maurício dos Santos Ferreira, Cíntia Costa dos Santos, Vânia Elisa de Queiroz Badejo, Beatriz Costa Rodrigues dos Santos, Patrícia da Conceição da Silva Nascimento, Ana Elizabeth Ferreira de Abreu, Fernanda Ribeiro da Silva, Luciane de Castro Tofano Rivello e José Werner Silva Neto.
