
Em uma apresentação contundente e que instigou a plateia, a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira fez um alerta direto e sem filtros sobre o papel estratégico do Brasil diante das crises ambientais e geopolíticas que moldam o século XXI.
“Estamos diante de uma nova equação global, em que natureza e recursos naturais estão no centro do poder político mundial”, afirmou logo no início de sua fala. A ex-ministra lembrou que o Brasil, com sua imensa biodiversidade e relativo distanciamento de conflitos internacionais, tem uma oportunidade única: a de liderar soluções sustentáveis para o planeta. “O desafio da humanidade é continuar produzindo vida. E o Brasil tem o que o mundo precisa para isso.”
Responsabilidade cidadã e democracia
Izabella também criticou a cultura de “vitimização” e a falta de protagonismo da sociedade brasileira. “O Brasil precisa parar de terceirizar a si mesmo. E os brasileiros precisam entender a diversidade de ser brasileiro”, destacou, ao falar sobre a responsabilidade coletiva em cobrar políticas públicas e construir soluções efetivas, especialmente frente à desigualdade ambiental — uma nova camada de exclusão social.
Segundo ela, os brasileiros precisam assumir um papel mais ativo e pragmático: “Não votem abrindo mão do Brasil. Façam escolhas conscientes, entendam o impacto do voto na sua qualidade de vida. Isso não tem mais nada a ver com direita ou esquerda. Tem a ver com bem-estar, com segurança hídrica, com o direito a respirar, a beber água, a viver com dignidade. Isso é democracia.”
O Brasil das soluções, não dos problemas
Izabella criticou duramente a chamada “economia do problema”, em que lideranças políticas ganham força ao manter situações precárias em vez de resolvê-las. “Tem muita gente que vive da falta d’água em Vila Isabel”, ironizou, ao criticar a ausência de investimentos estruturantes no sistema hídrico do Rio de Janeiro.
A ex-ministra usou o exemplo da crise hídrica de 2014 em São Paulo, quando foi possível reverter um cenário crítico com pactos políticos, investimentos e planejamento. “O Rio de Janeiro não fez o seu dever de casa”, lamentou.
Ela também defendeu a valorização de sistemas públicos como o SUS e criticou o desprezo de parte da sociedade pelas conquistas brasileiras: “Brasileiro se comporta muito mal frente ao seu país. Fala mal do Brasil e não entende o que tem nas mãos.”
Educação e transformação
Questionada sobre práticas que conectam educação formal e questões ambientais, Izabella foi taxativa: “Boas práticas são aquelas que mudam a forma como se vive.” Para ela, mais importante do que projetos pontuais, é preciso formar cidadãos conscientes da sua responsabilidade coletiva. “Não adianta falar de Amazônia sem falar da carne que você compra. Ou de lixo na rua sem catar o lixo. Quando você entende que sua ação individual muda o coletivo, você começa a construir o país de verdade.”
Izabella pediu o resgate da cidade do Rio de Janeiro como símbolo da brasilidade que pode encantar o mundo e inspirar soluções. “O Brasil precisa do Rio de volta. Essa gente bronzeada faz a diferença com o mundo e com o Brasil” finalizou.