Escola Azul Brasil: a cultura oceânica que nasce na sala de aula e transforma territórios

“Uma vez professora, sempre professora. Ex-aluno, sim. Ex-professor, jamais”. Foi com essa afirmação que a professora Thaís Pileggi iniciou sua apresentação. Coordenadora do programa Escola Azul – Brasil, Thaís trouxe não só dados impactantes, mas também um convite para transformar a relação entre a escola e o oceano: “Agora é hora de remar juntos nessa maré de mudança”.

O Escola Azul, iniciativa internacional que nasceu em Portugal, já está presente em 77 países e se consolida como um movimento global que busca ampliar a cultura oceânica por meio da educação. No Brasil, o programa alcança atualmente mais de 520 escolas, 2.600 professores e 142 mil estudantes, promovendo uma profunda conexão entre os territórios locais e a vida marinha.

O que rios e oceanos têm em comum? Tudo.

A conexão entre o programa Escola Azul e a iniciativa “Esse Rio É Meu”, segundo Thaís, é natural e potente. “O trabalho com os rios é um ponto de partida para a cultura oceânica. O rio que passa perto da nossa casa está ligado ao oceano. A água que bebemos, a comida que comemos, tudo passa por ele. Oceano é como nós. Somos oceano”.

Segundo uma pesquisa recente da Fundação Grupo Boticário, apenas 17% dos brasileiros reconhecem a importância dos oceanos para a vida humana — apesar de 90% concordarem que o aumento do nível do mar é uma ameaça real. Um dado ainda mais preocupante: 44% das pessoas acreditam que suas ações individuais não têm impacto sobre os ecossistemas aquáticos.

“Isso é grave. Porque a transformação começa no micro, começa na escola, na prática do dia a dia. E quem muda o adulto é a criança. Quando uma criança pergunta: ‘Por que você está usando sacola plástica?’, você se envergonha. A educação ambiental precisa começar ali, desde cedo”, ressaltou.

Brasil: pioneiro na inclusão da cultura oceânica no currículo escolar

Thaís celebrou um avanço histórico: o Brasil foi reconhecido pela ONU como pioneiro na inserção da cultura oceânica na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), resultado do Fórum Internacional do Currículo Azul, realizado em Brasília. “É um movimento global, mas que começa localmente. Começa na sala de aula. A transformação real nasce ali”, afirmou.

Segundo ela, o programa Escola Azul Brasil tem como pilares três eixos principais: Projetos interdisciplinares sobre cultura oceânica; Conexão do conteúdo com o território e a comunidade; e Participação ativa dos estudantes como protagonistas.

“Ou seja: tem muitas escolas que já são azuis e não sabem. O que falta é reconhecer isso e fazer parte de uma rede global”, disse.

Neste sentido, Thaís convidou as escolas da cidade do Rio a participarem do Escola Azul. De acordo com a coordenadora, o processo de adesão é simples: basta inscrever um projeto interdisciplinar com duração mínima de um ano e conexão com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). A escola pode entrar individualmente ou através de uma adesão coordenada pela secretaria municipal de educação. “Vocês já são parte dessa transformação. Agora, é hora de ampliar o olhar para o oceano”.

Para ela, o Escola Azul não é um programa a mais, mas uma lente que amplia aquilo que o professor já faz. “É conectar o que o aluno aprende com o que ele vive. É transformar a escola em um espaço onde o rio encontra o mar, onde a educação flui com propósito, encantamento e pertencimento. Vamos mergulhar juntos nessa correnteza de mudança. Preservar, ensinar, encantar e transformar: essa é a missão.”

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