O jovem e o mercado de trabalho: ‘É fundamental dominar habilidades digitais, pensamento crítico, criatividade, colaboração e inteligência emocional’, Maíra Pimentel

Confira a entrevista com Maíra Pimentel.

Por Marcus Tavares
(foto acima gerada por IA)

Celebra-se hoje o Dia do Trabalho. A data remete a 1886, quando trabalhadores de Chicago iniciaram uma série de protestos e greves, lutando pela redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas diárias. De lá prá cá, muitas mudanças ocorreram, sem dúvida. No entanto, os desafios são contínuos e acompanham o contexto de cada época. Em 2025, a questão das tecnologias e o avanço da IA, conjugada com a discussão do fim da jornada 6X1, estão na pauta central das discussões. Isso sem falar, é lógico, na formação dos jovens para o mercado de trabalho.

Para refletir sobre o tema, a revistapontocom entrevistou Maíra Pimentel. Cofundadora e CEO da Tamboro, Maíra explica que o mundo do trabalho passa por uma transformação acelerada que exige a “necessidade de adaptação constante”. Como pré-requisitos para o novo mundo do trabalho, Maíra destaca que “é fundamental dominar habilidades digitais, pensamento crítico, criatividade, colaboração e inteligência emocional”.

Neste cenário, Maíra ainda ressalta a importância da escola: “Alguns caminhos envolvem preparar os jovens para o futuro do trabalho, desenvolvendo tanto habilidades técnicas quanto socioemocionais, promovendo o letramento digital e estimulando o pensamento crítico e a criatividade”.

Acompanhe a entrevista:

Maíra Pimentel, cofundadora e CEO da Tamboro

revistapontocom – Como podemos descrever o mundo do trabalho nos dias atuais?
Maíra Pimentel –
O mundo do trabalho está em transformação acelerada, impulsionado por novas tecnologias, IA, transição verde, entre outras transformações. Por exemplo, empresas adotaram modelos de trabalho híbrido e uso intensivo de dados para decisões rápidas, refletindo a necessidade de adaptação constante. No SXSW 2025 [South by Southwest, festival de criatividade, entretenimento e mídia, realizado em Austin, nos EUA], Amy Webb (futurista e CEO do Future Today Institute) destacou como a inteligência artificial está redefinindo funções em todos os setores. O próprio conceito de trabalho, de inclusão produtiva, está sendo revisitado à luz de tantas transformações que , inclusive, variam muito conforme diferentes contexos sociais.

revistapontocom – Quais são os desafios deste cenário?
Maíra Pimentel –
São muitos, mas destaco aqui a necessidade de requalificação contínua (upskill/reskill), desigualdade de acesso à tecnologia e as mudanças extremamente aceleradas dificultando antecipar o que está por vir. Gary Bolles (Singularity University) abordou a urgência de políticas públicas para inclusão digital que, para além da tecnologia, necessariamente precisam ser pensadas à luz de novas metodologias de ensino aliadas às mudanças comportamentais, além dos aspectos geracionais que tornam o desafio ainda maior.

revistapontocom – Neste contexto do ‘novo’ mundo do trabalho, como e onde se inserem as novas gerações?
Maíra Pimentel –
Para além do aspecto geracional, é fundamental considerar os aspectos ligados à classe social e vulnerabilidade econômica. As novas gerações são nativas digitais, consomem e produzem conteúdos com facilidade o que já ajuda, e muito, a fluidez no universo digital. Ao mesmo tempo, aspectos comportamentais e de saúde emocional se mostram um dos maiores desafios para a nova geração encarar a alta necessidade de adaptabilidade e flexibilidade em tempos de tamanha fluidez/liquidez do mundo do trabalho.

revistapontocom – Quais seriam os pré-requisitos que a nova geração deve ter para se adaptar a este cenário?
Maíra Pimentel –
É fundamental dominar habilidades digitais, pensamento crítico, criatividade, colaboração e inteligência emocional. As soft skills têm sido destacadas como habilidade essenciais ao Futuro do Trabalho. Amy Webb reforçou, no SXSW 2025, que o aprendizado contínuo é o novo normal. Quem não estiver aprendendo sempre, com abertura e flexibilidade, não dará conta de ser uma pessoa contemporânea do seu tempo.

revistapontocom – Portanto, o acesso ao ‘novo’ mundo do trabalho ainda esbarra na formação dos jovens?
Maíra Pimentel –
Sim, muitos jovens não têm acesso à formação tecnológica e comportamental de qualidade, contextualizadas às diferentes realidades sociais, inclusive.

revistapontocom – Então, os jovens de condições socioeconômicas e culturais mais favorecidas ainda têm mais chances de ingressar neste ‘novo’ mundo do trabalho?
Maíra Pimentel – Sim, mas programas de bolsas, mentorias e políticas públicas podem mudar esse cenário para jovens atravessados por vulnerabilidade. Iniciativas como o Nau Match [@projetonau] e Instituto Proa [https://www.proa.org.br], por exemplo, conectam jovens de baixa renda a grandes empresas por meio de capacitação gratuita.

revistapontocom – No ‘novo’ mundo do trabalho, há ‘trabalho’ para todos? Quais os impactos da IA?
Maíra Pimentel –
Os impactos são muitos, mas destaco que a IA elimina funções repetitivas, mas cria novas oportunidades em tecnologia, saúde e sustentabilidade.

revistapontocom – Qual é o papel da escola neste binômio: trabalho e jovem?
Maíra Pimentel –
A escola também sofre um desafio de seguir sendo uma escola do seu tempo, que transborda e contribui com jovens. Alguns caminhos envolvem preparar os jovens para o futuro do trabalho, desenvolvendo tanto habilidades técnicas quanto socioemocionais, promovendo o letramento digital e estimulando o pensamento crítico e a criatividade. Estimular esse aprender a aprender é um dos maiores desafios e contribuições que uma escola pode promover para os seus jovens.

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