Feira Literária Herivelto Martins transforma escola em polo de leitura e identidade cultural

Edição 2025 contou com a participação da Turma do Planeta e da escritora Silvana Gontijo.

Por Marcus Tavares

A Escola Municipal Herivelto Martins, localizada em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, encontrou na literatura a expressão de sua identidade. Professores, gestores e funcionários da unidade já possuíam trajetórias ligadas ao universo literário, com livros publicados e experiências no campo da escrita. A partir dessa característica coletiva, nasceu a proposta de consolidar a literatura como marca da escola — decisão que resultou na criação da Feira Literária Herivelto Martins (FLEHM).

Literatura como identidade da Escola Municipal Herivelto Martins

A primeira edição ocorreu em 2022, sendo o primeiro grande evento aberto à comunidade após a pandemia. O sucesso fez com que a feira passasse a integrar o calendário anual da unidade, realizada sempre em setembro. Desde então, cada edição traz uma temática relacionada ao projeto pedagógico da escola e ao debate sobre cultura e sociedade.

Em 2023, a FLEHM destacou os 20 anos da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar. No ano seguinte, o foco recaiu sobre os povos originários, com atividades que valorizaram a presença indígena no território de Campo Grande, fazendo assim uma ligação entre a literatura e meio ambiente também foi reforçada pela inserção já do programa Esse Rio é Meu na feira.

De acordo com a coordenadora pedagógica, Joice Miranda tolentino Mendes, a Educação Infantil, por exemplo, foi responsável por apresentar o Rio Cabuçu — que corta a região — a partir de pesquisas, visitas e produções artísticas. As crianças levaram para a feira a representação do rio dentro do pátio da escola, com desenhos, palavras em Tupi e reflexões sobre a preservação ambiental.

O programa Esse Rio É Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade.

Na terceira edição da FLEHM, que acaba de acontecer neste mês de setembro, o tema central foi a Literatura Carioca, valorizando escritores e obras produzidas na cidade para a cidade. E, mais uma vez, a temática do Esse Rio é Meu esteve presente. Dessa vez, coube aos estudantes do 5º ano trabalhar o tema, sob orientação do professor Ricardo Constantino, que já havia participado de ações de reflorestamento na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria, na Península do Caju, e em atividades de educação ambiental. A turma mergulhou na leitura da coletânea Turma do Planeta, da escritora e jornalista Silvana. A partir dos livros, produziu maquetes, textos e personagens com material reciclado, refletindo sobre os cuidados com o Rio Cabuçu e com o planeta.

“Criamos um painel. De um lado, ele mostrava como as crianças veem, hoje, os rios da cidade, sobretudo o Rio Cabuçu. Rios poluídos e degradados. Do outro, os rios dos sonhos das crianças, limpos e em interação com animais e as próprias crianças. Colocamos os livros da Turma do Planeta na divisão dos dois rios, pois eles representam o agente transformador da cultura para proteção e cuidado dos rios. Havia também uma maquete e produção textual”, explicou o professor Ricardo.

A escritora Silvana Gontigo (presidente do planetapontocom e idealizadora do programa Esse Rio é Meu) foi convidada para participar do evento. O encontro com a autora foi um dos momentos mais marcantes da edição. As crianças que já haviam estudado a obra e os personagens vibraram com a oportunidade de conversar. “Eles ficaram encantados porque se sentiram parte da literatura que estavam lendo”, complementou Joice.

De acordo com Joice, o objetivo da feira segue sendo o mesmo desde o início: fortalecer a identidade da unidade escolar, incentivar o hábito da leitura e aproximar os estudantes da produção literária. “As crianças precisam ler, porque a leitura amplia o vocabulário, ajuda na interpretação e abre portas e oportunidades. A Feira Literária é uma das formas que encontramos de fortalecer a relação dos alunos com a literatura e com a nossa própria identidade como escola”, destaca.

Para a equipe da escola, a Feira Literária Herivelto Martins vem se consolidando não apenas como um evento cultural, mas como parte fundamental do projeto pedagógico da escola, que une literatura, história, identidade e educação ambiental em uma mesma proposta de formação.

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